Artes: Em Ribeirão Preto, a beleza dos bonecos japoneses

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Exposição reúne bonecos inéditos do Japão

A Fundação Japão, a Comissão de Cultura e Extensão Universitária e o Museu Histórico da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo (USP) promovem a exposição “Bonecos do Japão: Formas de Oração, Encarnações de Amor”, que acontecerá de 31 de outubro a 30 de novembro de 2012, no Espaço Cultural de Extensão Universitária (ECEU).

A mostra que viajou por diversos países, acaba de ser exibida na Argentina e, depois do Brasil, segue para a Costa Rica, na América Central. Ribeirão Preto já recebeu a coleção “O Mundo dos Bonecos Kokeshi”, em 2005, também uma parceria da Fundação Japão e Comissão de Cultura e Extensão Universitária da FMRP. Paralelamente à exposição, serão ministradas oficinas de origami (arte japonesa de dobrar o papel) e furoshiki (arte tradicional de embrulho japonês usando lenços de tecido) e acontece uma mostra de filmes japoneses (filmes contemporâneos, animês e documentários).

Composta por 70 bonecos japoneses mais representativos, a mostra revela a história de exemplares importantes de um país em que estes bonecos fazem parte do dia a dia, desde a antiguidade. Considerados, no Ocidente, basicamente um símbolo de infância e usados para brincar, vestir e raramente apreciados na idade adulta, no Japão, em contraste, são uma amostra do poder do artesanato tradicional, revelando as habilidades de uma gama de artistas que demonstram sua genialidade em verdadeiras obras de arte, envolvendo materiais como papel, madeira, metal, porcelana e tecido.

 

Tradição milenar

Alguns dos bonecos que o público conhecerá fazem parte da história milenar do Japão, assim como as exibidas no Hina Matsuri (Festival das Meninas – acontece no dia 03 de março – em que as famílias dispõem casais de bonecos em reverência à felicidade de suas jovens filhas) e Gogatsu Ningyo (versão masculina – acontece no dia 05 de maio – onde são exibidos suntuosos conjuntos de bonecos usando armaduras de guerreiros em analogia à saúde e força de seus filhos). Bonecos retratando atores no Teatro Nô, como na peça “Hanagatami”, também serão apresentados, revelando características do teatro dramático que teve origem no período Muromachi (1338-1573), onde os atores vestem máscaras e figurinos elaborados.

 Bunraku, o clássico teatro de bonecos criado no século XVI, em Osaka, é um dos destaques da mostra, apresentando exemplares notórios por serem manipulados por três titereiros, totalmente cobertos de vestimenta negra e ficando às costas do boneco.

A mostra é dividida em 14 categorias que apresentam um panorama da produção japonesa de bonecos. São elas: HINA NINGYO (Bonecos do Festival das Meninas), GOGATSU NINGYO (Bonecos do Festival dos Meninos), NOH NINGYO (Bonecos do Teatro Nô), BUNRAKU NINGYO / KABUKI NINGYO (Bonecos de Famosas Cenas de Teatro Bunraku e Teatro Kabuki), OSHIE HAGOITA (Raquetes com Pinturas em Relevo), KYO NINGYO (Bonecas de Kyoto), OYAMA NINGYO (Bonecas que Representam Jovens Mulheres), KIMEKOMI NINGYO (Bonecos de Madeira Vestidos com Quimono), HAKATA NINGYO (Bonecos de Hakata), GOSHO NINGYO (Bonecos do Palácio Imperial), ICHIMATSU NINGYO (Bonecos Ichimatsu), BONECOS QUE REPRESENTAM OS COSTUMES DO JAPÃO, BONECOS CRIADOS POR ARTESÃOS CONTEMPORÂNEOS, KOKESHI NINGYO (Bonecos Kokeshi) divididos em Tradicionais e Criativos.

“No Japão, a tradição é reverenciada e preservada, numa atitude com a qual temos muito a aprender. Mais ainda, a tradição é a fonte a partir da qual os designers japoneses calcam a sua inovação. As bonecas são um exemplo rico e diverso para entendermos essa dimensão da cultura japonesa”, explica a curadora e escritora Adélia Borges, que esteve no Japão para uma pesquisa, através do programa Fellowship da Fundação Japão, em 1998.

 

Retrato de uma época

“As bonecas japonesas não são apenas uma importante e verdadeira forma de arte, mas também um grande armazém de informações de costumes e vida familiar para os estudantes da história e cultura japonesa. Muitas dos exemplares, ilustram eventos históricos, o folclore e práticas não só da nobreza, mas também das pessoas comuns e suas vidas diárias. As diferenças regionais no infinito destes bonecos, por mais sutis que possam ser, refletem em miniatura os diferentes estilos de vida e crenças dos artesãos e suas localidades”, afirma Ronald F. Thomas, do Yesteryears Doll Museum, nos Estados Unidos, no prefácio do livroJapanese Antique Dolls, escrito por Jill e David Gribbin, editado pela Weatherhill, em 1984.

Considerado o primeiro livro dedicado ao tema editado em inglês, ele é resultado da pesquisa de dois colecionadores e estudiosos de bonecos, que também viveram por muitos anos no Japão.

 

Período Edo

Para se ter uma ideia da importância histórica das peças no Japão, país conhecido por séculos como “Terra dos Bonecos”, uma espécie de mapa foi organizado e radiografa os centros de produção dos bonecos no período Edo (1603-1868), conhecido como o princípio da era moderna japonesa. É possível ver que os bonecos de argila eram produzidos por todo o país, tanto em Tohoku (ao norte), em Kyushu (ao sul), e nas cidades de Nagoya, Inuyama e Kanazawa (centro). Na região de Edo (posteriormente chamada de Tóquio), eram encontradas as marionetes e Bonecos do Festival das Meninas. Em Akita e Narugo, bonecos kokeshi eram o foco principal. Em Nara e Kyoto, as versões clássicas tinham a vez.

 

 

Serviço

Exposição “Bonecos do Japão: Formas de Oração, Encarnações de Amor”

Abertura: 30 de outubro às 17h

Visitação: 31 de outubro a 30 de novembro de 2012

Segunda a sexta das 9 às 16h, sábado das 10 às 16h

Oficinas de Origami Furoshiki

dia 12 de novembro de 2012, das 9h30 às 11h e das 13h30 às 15h

vagas limitadas; necessário efetuar inscrição por tel: (16) 3602-0692 ou 3602-0695

Mostra de filmes japoneses (filmes contemporâneos, animês e documentários)

durante o período da exposição

Local:

ECEU – Espaço Cultural de Extensão Universitária da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP

Av. Nove de Julho, 908

14025-000 – Ribeirão Preto – São Paulo

Tel: (16) 3602.0692 ou 3602-0695

E-mail: eceu@fmrp.usp.br

 

(com Érico Marmiroli/Fundação Japão)