Artes Marciais como terapia

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Instituto Olga Kos utiliza o Karatê e o Taekwondo como forma de incluir crianças e jovens com deficiência intelectual na sociedade

Utilizar a filosofia e os benefícios das Artes Marciais para melhorar a qualidade de vida e incluir crianças e jovens com deficiência intelectual, em especial, síndrome de Down na sociedade. Esses são os objetivos dos projetos esportivos desenvolvidos pelo Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural. Por meio do ensino das artes orientais Karatê e Taekwondo o projeto, que existe desde 2009, beneficia crianças de 4 a 12 anos.

“O projeto esportivo é mais um passo contra o preconceito, possibilitando a percepção que essas crianças possuem pela plena capacidade de praticar modalidads extremamente complexas e ricas em detalhes como o Taekwondo e o Karatê. Além de trazer uma série de benefícios físicos e mentais aos alunos, tem sido possível mostrar à sociedade e aos familiares as capacidades de aprendizado das pessoas com deficiência intelectual”, ressaltou Olga Kos, responsável pelo Instituto que leva seu nome.

De acordo com a gestora de esporte do Instituto, Natália Mônaco, o foco do projeto é contribuir para a inclusão desses jovens na sociedade, com foco no aprimoramento pessoal, cognitivo e motor. “Entre os principais benefícios da prática estão a melhora na autonomia, autoconfiança, autoestima e consciência corporal; o desenvolvimento do raciocínio, organização, trabalho em equipe, equilíbrio emocional e das capacidades e habilidades motoras, com isso melhorando a qualidade de vida dos alunos, além da autovalorização do indivíduo como um todo, provando que todos são capazes”, enumera.

Os projetos são realizados em escolas e academias parceiras da entidade localizadas nas cidades de São Paulo e Diadema, como é o caso da Lira Taekwondo Clube. Para o mestre de Taekwondo e responsável pela academia, José Roberto de Lira o principal objetivo do projeto é fazer com que as crianças ganhem mais autonomia e “exercitem” o cérebro.

“A ideia do ‘Taekwondo Kids’ não é que as crianças aprendam a dar um chute perfeito, mas que tenham consciência da mecânica dos movimentos, para que também desenvolvam a concentração e a disciplina. E, o mais importante, fazemos tudo sempre brincando, pois entendemos que esse é o melhor jeito de integrá-las ao esporte. As crianças com síndrome de Down ou com qualquer outra deficiência intelectual são capazes de fazer tudo, nós é quem não podemos limitá-las e duvidar do seu potencial. Eles podem e devem viver de igual para igual”, afirmou o mestre Lira. Segundo ele, a partir dos 3 meses de prática já é possível perceber o desenvolvimento dos alunos.

Melhoras essas percebidas facilmente por Antônia dos Reis Barbosa, mãe de Nayron, de 12 anos, que tem síndrome de Down. “Entre todas as terapias e tratamentos que meu filho já fez, nenhum deles trouxe tanta melhoria para ele como o Taekwondo. O Nayron melhorou muito em todos os sentidos: a concentração, a convivência com as pessoas e, principalmente, o seu temperamento. Hoje ele é uma criança muito mais obediente, sem contar que adora as aulas e espera ansioso por elas.”

Nayron é uma das 500 crianças atendidas pelos projetos de esporte do Olga Kos, só no ano de 2013. Desde o início do projeto mais de 1 mil jovens já foram atendidos. E a expectativa é que esse número aumente ainda mais. “Conseguindo captar mais patrocínio, a ideia é expandir ainda mais o projeto”, revela Natália.

As aulas são ministradas duas vezes por semana e têm duração de uma hora cada. De acordo com Natália, durante as aulas uma equipe de profissionais especializados composta por professores faixa preta das modalidades, educador físico, psicólogos e fisioterapeutas auxiliam as crianças durante os exercícios, além de um profissional multimídia que registra todos os momentos e a evolução dos alunos. “A equipe participa ativamente das aulas, já que as crianças requerem um apoio maior. Ao todo 17 profissionais compõem o ‘time’ do Esporte do Instituto”, conta. Antes de iniciar no projeto, as crianças também passam por uma série de avaliações físicas, que testam flexibilidade, força, equilíbrio e coordenação motora geral, além de exames laboratoriais.

Além das aulas, o Instituto fornece, também de forma gratuita, todo o material necessário para a prática da arte marcial. “Temos o kit do projeto com uniforme (calça, camiseta e agasalho), mochila, toalha de rosto, chinelos, kimono ou dobok (traje utilizado no taekowndo). Após todas as aulas os alunos do projeto também recebem um kit lanche”, finaliza Natália.

A entidade 

Com o objetivo de incluir social e culturalmente crianças, jovens e adultos com deficiência intelectual, particularmente síndrome de Down, por meio de projetos de artes e esportes, surgiu, em 2007, o Instituto Olga Kos de Inclusão Cultural, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).

Além do projeto que envolve as artes marciais, a entidade realiza atividades de artes que buscam divulgar a diversidade cultural e artística do Brasil, ampliar o acesso à cultura, incentivar o exercício da arte e ampliar os canais de comunicação e expressão da pessoa com deficiência intelectual por meio dos programas Pintou a síndrome do Respeito e Resgatando Cultura.

Em 2013 o Instituto assinou um contrato com a Secretaria de Educação de São Paulo para atuar em alguns Centros Educacionais Unificados (CEUs) com os projetos esportivos e culturais. Atualmente a entidade atua em 9 CEUs, de várias regiões da cidade, são eles: Caminho do Mar, Paz, Parque Anhanguera, Vila Atlântica, Meninos, Parque Bristo, Casa Blanca, Cidade Dutra e Aricanduva. “Os projetos inclusivos do Olga Kos são voltados 80% para pessoas com deficiências intelectuais e 20% para crianças e jovens com vulnerabilidade social”, explica Natália.

O instituto desenvolve também a articulação de redes de apoio para geração de renda e inclusão no mercado de trabalho, por meio de parcerias com instituições que promovem o aprendizado de uma habilidade profissional. Com essas atividades, a entidade procura garantir as condições de participação social da pessoa com deficiência intelectual e sua inclusão na sociedade da qual ela faz parte e tem condições de participar mais efetivamente.

Para as empresas que desejam colaborar podem entrar em contato com o Instituto por meio do e-mail projetos@institutoolgakos.org.br. Mais informações sobre as atividades desenvolvidas no site www.institutoolgakos.org.br.