Caligrafia com alma

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Muito além de uma escrita, o tradicional shodô é uma forma de criar arte, por meio do espírito e da expressão de cada artista

Fotos Divulgação e arquivo pessoal

Resumidamente, o shodô é a arte da caligrafia oriental feita com pincel, sumi (tinta à base de carvão), no papel de arroz. Mas, ao se analisar de perto essa arte milenar, descobrimos que ela vai muito além da simples escrita, sua essência está na alma e no espírito do artista, que se concentra e se inspira para compor cada traço e ponto do shodô.

Tecnicamente é possível dizer que existem duas regras básicas para se fazer um shodô, primeiro a utilização do alfabeto japonês, seja o kanji, o hiragana ou o katakana, ou uma mistura deles, e segundo a escrita deve se efetivar em uma única pincelada, sem retoques. É na leveza, na velocidade em alguns trechos, ou na parada em alguns pontos com o pincel, que se desenha a arte do shodô.

Mas essa arte não é uma simples repetição mecânica de pinceladas, é na verdade um conjunto vivo que responde aos impulsos criativos de cada artista. “O shodô é uma forma de criar arte. Um artista de shodô deve colocar seu espírito em cada movimento para a criação de uma letra e deve praticar várias vezes a mesma letra até criar o seu estilo próprio de expressão”, explica Kaoru Ito, de 74 anos, que aprendeu a técnica aos 8 anos, na escola no Japão – o shodô faz parte do currículo das escolas japonesas –, e até hoje não para de praticar e desenvolver novas técnicas.

Segundo ele, existem várias linhas de shodô, várias maneiras de escrever a mesma coisa, com traços mais grossos, ou mais finos, variando para cada “escola”. E até mesmo, formas diferentes de se fazer o shodô, que vão muito além do papel de arroz e da tinta sumi. Ito desenvolveu técnicas para expressar a arte também em tela, com tinta, ou com massa, areia e outros materiais.

Outros mestres da arte, também desenvolveram diferentes expressões do shodô, ultrapassando até mesmo os caracteres japoneses. O professor Shonan Watanabe, falecido em 2003, criou no Brasil o shodô alfabético, com caracteres romanos.

Aos interessados em aprender a arte do shodô, Ito ministra aulas em seu ateliê, em Pinheiros, zona Oeste da capital paulista. “O tempo do curso é indeterminado, pois vai depender do desenvolvimento de cada aluno. Além do shodô, ministro aulas de sumiê e mais 28 técnicas de pintura”, finaliza. Além do curso, Ito também faz trabalhos por encomenda, com shodô e outras técnicas.

 

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