Contrastes

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Não fosse pela posição geográfica que ocupam, Brasil e Japão apresentam características bem diferentes, muitas vezes em total oposição. O Japão tem área próxima do estado de São Paulo e cerca de metade sem condições de ocupação e onde vive uma população de 125 milhões de habitantes. Sem riquezas naturais é obrigado a importar muita coisa para sua sobrevivência e para fazer funcionar as suas indústrias. Energia elétrica só com termoelétricas queimando óleo, gás ou urânio. Mesmo sendo um país pequeno no tamanho, sofre com desastres naturais de todos os tipos, terremotos, tsunamis e tempestades de grande intensidade. O Brasil por sua vez é um país de grande extensão territorial, população de 212 milhões de habitantes e com muitas riquezas naturais. A agricultura é uma das mais produtivas do mundo e produtos animais são exportados para o mundo inteiro. Seus grandes rios são barrados e aí construídos hidroelétricas que fornecem energia abundante e barata. A essa fonte foram acrescidas nos últimos tempos a energia eólica e solar, aproveitando o alto grau de insolação e os ventos fortes e constantes em várias regiões do país. Quase nada de desastres naturais, muitos provocados pela intervenção humana, como as queimadas.

Vistos dessa forma, natural seria que o Brasil fosse um país rico e com poucos problemas sociais e o Japão uma ilha de infelicidade, com problemas incontornáveis. Mas aí entra o elemento humano, que faz toda a diferença. Os japoneses desde a revolução implantada pelo imperador Meiji, fizeram do sentimento de nacionalismo e da educação a base para a formação moral e intelectual do seu povo. Assim, mesmo sendo praticamente destruído na segunda guerra mundial, esta formação possibilitou que cerca de 25 anos depois do término da guerra o país atingisse a segunda posição como potência econômica. Não tinham recursos naturais, mas fizeram da transformação da matéria prima importada em bens industriais a base de sua riqueza, exportando carros, navios, produtos eletrônicos, etc. Hoje o governo japonês enfrenta sérios problemas econômicos com uma dívida alta e crescente e com o surgimento de problemas psico-sociais, inéditos na sua história recente (idosos abandonados, solteirice em grande escala e baixíssima natalidade). São problemas graves que terão que ser resolvidos antes que afetem a organização e a estrutura da economia do país e o espírito patriótico do seu povo (o que de certa forma já vem acontecendo). O Brasil é um país que se arrastou durando séculos na base do colonialismo. Somente com a chegada dos imigrantes no final do século 19 e começo do século 20, o país avançou de forma significativa, econômica e socialmente. Durante décadas até que ajudaram a impor um certo nível ético e moral nos costumes brasileiros, mas com o tempo, principalmente nos últimos 50 anos, voltou a reinar um neo-colonialismo, com a elite econômica e política se apropriando da riqueza do país, que  apresenta a pior distribuição de renda entre os países em desenvolvimento. Cerca de 60 milhões de trabalhadores estão na situação de vulneráveis ou de miséria (os que receberam a ajuda emergencial durante a pandemia). Considerando 3 pessoas por família, são 180 milhões de brasileiros sobrevivendo na penúria. Com uma educação básica de péssima qualidade e procriando muito acima da média nacional, este bloco populacional vai aumentando e perpetuando esta grande desigualdade social e econômica. Existem bolhas de desenvolvimento e de riqueza, mas estas só são usufruídas por uma pequena parcela da população. E dificilmente no curto ou médio prazo estes problemas serão resolvidos o que faz do Brasil um país rico com uma população predominantemente pobre. 

Mas Brasil e Japão, apesar dos contrastes, estão umbilicalmente ligados e a torcida é que ambos tenham um futuro promissor, afinal nós somos este cordão (os daqui pendendo mais para o Brasil, os dekasseguis pendendo para o japão)!!