Desde os tempos remotos o homem tem dificuldades e anseios, lutando sempre para sobreviver, sobrepondo uma série de barreiras, principalmente problemas de ordem psicológica, procurando uma referencia para se apoiar e obter a sua salvação. A vida nos faz ter e sentir as sensações de bem estar e de dor, mas o medo é a forma que nos faz protegermos de algum perigo, lutando pela vida, criando as mais variadas formas e comportamentos para se viver o mais tempo possível. A adversidade da natureza, aproximou as pessoas criando um circulo comunitário e familiar, através do YUIMARU (Yui-receber, Maru – se doar, retribuir o espirito solidário) fortalecendo o poder da palavra e do diálogo.
O comportamento tinha sua base na doutrina da obediência aos costumes e tradições, originados do culto familiar. Quaisquer transgressões não era considerada um mero desacato, mas sim um pecado BATIKANJUNDO (castigo divino), tornando-se os princípios morais em hábitos, através do uso de provérbios em suas ações.
O sentimento ético do povo fez criar uma sociedade solidária, em que a cortesia e o respeito prevalece. Assim a filosofia de vida de que o mundo espiritual contempla todas as nossas ações aqui na Terra e, impedia o homem de fazer coisas erradas, mostrando a nós que não estamos sozinhos neste universo, acompanhado por um mundo paralelo, espiritual.
O homem teve o seu principio, vivendo nas cavernas e a primeira iniciativa foi transpor obstáculos na vida, aprender a andar, a falar, e tirar as “arestas” da vida através da arte de sorrir.
O poder da palavra, criou uma grande força através da comunicação, desenvolvendo o diálogo, passando ensinamentos de pai para filho.
Ao sair da gruta encontra uma natureza exuberante para sua sobrevivência, porém a natureza como sabemos é constituída de coisas boas e ruins, o medo aproximou as pessoas, criando o amor. O homem não podia viver somente de amor, ele tinha que explicar outros fatores, que condicionavam o terror e o medo, a exemplo disso as intempéries como: terremotos, tempestades, furacões, trovões e nevascas, para tudo isso o homem começou atribuir a um elemento maior.
Aprender a ver o lado bom das coisas ruins, de acordo com o provérbio: INDI INDIRÊ TII HIKI (encare as dificuldades com a consciência, sem usar a violência, não vá pelo impulso, use a consciência sem violência, das coisas ruins sempre tire lição do lado bom) ex: tufão é coisa ruim, mas em compensação traz a água.
A maior dificuldade em Okinawa era a água e o solo árido, o okinawano foi um povo sofrido, por este motivo fez com que as pessoas dividissem os problemas, por uma questão de sobrevivência KURUSHIMI O WAKIATE IKIRU TAMENI (você tem que dividir, as dificuldades para sobreviver), só que todas as adversidades do mundo vieram para o bem, por ex: o furacão derrubou a casa e devastou a plantação, coisa ruim! Só que ocorre ao contrário aquela coisa ruim, trouxe coisa boa, como? Trouxe a chuva e a ajuda da comunidade para reconstrução do seu patrimônio. Lá é costume colocar um leão – Shiissa, na porta de casa, como guardião, é coisa boa ou ruim? Ele espanta os maus fluidos, barrando energias ruins. Pois o santo bom enxerga o mundo do lado bom, e o santo ruim enxerga as coisas ruins, dando uma proteção maior
Então em Okinawa, o povo aprendeu a ver o lado bom das adversidades percebeu que a vida tem o sentido binário, entre o bem e o mal.
Shinji Yonamine
Palestrante da Cultura de Okinawa
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