O japonês Akira Yoshino, junto com o americano John B. Goodenough, o britânico-americano M. Stanley Whittingham são os vencedores do Prêmio Nobel 2019 de Química pelo desenvolvimento de baterias de íons de lítio, hoje usadas em celulares, notebooks e carros elétricos. A descoberta foi feita no começo da década de 1970.

“Os laureados lançaram as bases de uma sociedade sem fio e livre de combustíveis fósseis”, avaliou o comitê do Nobel ao anunciar o prêmio no Twitter.

“Ganhamos acesso a uma revolução técnica”, afirmou Sara Snogerup Linse, membro do comitê e professora de fisioquímica na Universidade de Lund, na Suécia. A Academia sueca anunciou nesta quarta-feira (09/10) que os cientistas, que trabalharam separadamente, vão dividir de forma igualitária o prêmio de 9 milhões de coroas suecas, equivalente a cerca de R$ 3,72 milhões.

O japonês Akira Yoshino, de 71 anos, é professor na Universidade Meijo, em Nagoya, no Japão, e Membro Honorário da corporação Asahi Kasei, em Tóquio.

“A curiosidade foi a principal força motivadora para mim”, disse o cientista durante ligação feita pelo comitê do Nobel logo após o anúncio do prêmio. Ele criou a primeira bateria de íons de lítio comercialmente viável, em 1985.

O cientista japonês Akira Yoshino segura uma maquete de uma bateria de íon de lítio e um buquê de flores durante uma coletiva de imprensa em Tóquio logo após o anúncio de que ele havia ganhado o prêmio Nobel de Química nesta quarta-feira (9). (Foto: Issei Kato/Reuters)

Aos 97 anos, o americano John B. Goodenough passa a ser a pessoa mais velha a ganhar o Nobel. Ele nasceu em 1922 em Jena, na Alemanha, e ocupa a Cadeira Cockrell em Engenharia na Universidade do Texas em Austin, nos Estados Unidos.

O cientista John Goodenough, um dos vencedores do Nobel de Química de 2019. (Foto: Peter Nicholls/Reuters)

O britânico-americano M. Stanley Whittingham, de 77 anos, é professor na Universidade Binghamton, parte da Universidade Estadual de Nova York, também nos Estados Unidos.
Horas após o anúncio do prêmio, quando falou com o comitê do Nobel, Whittingham disse que, muito apropriadamente, estava em uma reunião sobre baterias. “O campo começou pequeno, é ótimo ver como impactou a vida de todos”, disse.

O cientista britânico-americano Stanley Whittingham, um dos vencedores do prêmio Nobel de Química de 2019. (Foto: Sebastian Gollnow/dpa via AP)

Atualmente, essas baterias são utilizadas em uma série de dispositivos diferentes, de celulares e notebooks a até mesmo carro elétricos. Além de serem recarregáveis, elas são capazes de armazenar energia de fontes renováveis, como solar e eólica.

Segundo o Comitê do Nobel, o trabalho realizado pelo trio premiado “criou um mundo recarregável”, além de viabilizar a mobilidade da qual somos tão dependentes hoje.

M Stanley Whittingham começou a desenvolver tecnologias de energia que não dependessem de combustíveis fósseis na década de 1970, durante a crise do petróleo.

Em seus estudos, ele acabou encontrando um material rico em energia chamado dissulfeto de titânio, que ele usou para fazer um cátodo (que é o terminal positivo) em uma bateria de lítio. Já o ânodo, terminal negativo, foi feito a partir de lítio metálico, que tem uma forte preferência pela liberação de elétrons. O dispositivo criado por ele foi capaz de gerar dois volts, mas o lítio metálico tornou-o explosivo.

Foi então que John B. Goodenough previu que o cátodo poderia ser melhorado se fosse feito de um óxido de metal, em vez de um sulfeto. Assim, em 1980, o americano nascido na Alemanha utilizou o óxido de cobalto para aumentar a potência da bateria para quatro volts.

John Goodenough ao lado do ex-presidente dos EUA, Barack Obama, na cerimônia em que recebeu a medalha Nacional de Ciência em 1º de fevereiro de 2013 (Foto: Brendan Hoffman / Getty Images América do Norte / AFP)

Por fim, a última contribuição foi feita por Akira Yoshino, que criou a versão comercialmente viável da bateria de lítio em 1985. Ele substituiu o lítio do ânodo por coque de petróleo, um material de carbono que, assim como o óxido de cobalto do cátodo, consegue intercalar íons de lítio.

Imagem que reproduz, de forma simplificada, o funcionamento de uma bateria de íons de lítio AA (Foto: Reprodução/YouTube prêmio Nobel)

Esse trabalho colaborativo resultou em um componente de certa forma revolucionário para diversos setores. Como observou Bonnie Charpentier, presidente da Sociedade Americana de Química (ACS):

“Diante das crescentes ameaças das mudanças climáticas extremas, o anúncio de hoje lança uma luz bem-vinda sobre a portabilidade de energia que permitiu avanços sem precedentes em comunicação, transporte e outras ferramentas, para auxiliar aspectos críticos da vida em todo o mundo.”

Fontes: G1, BBC, Nobel Prize, Gizmodo

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