OKINAWA: Província comemora reversão

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Em maio Okinawa celebrou os 40 anos da anexação para o Japão, após o domínio de quase 30 anos dos americanos

 Fotos Divulgação

Presidentes de associações de nove países, incluindo o Brasil, participaram no dia 15 de maio, da cerimônia de comemoração dos 40 anos da anexação de Okinawa para o Japão. O evento foi realizado na região de Ginowan, em Okinawa e contou com a presença das mais altas autoridades japonesas, representadas pelo Primeiro Ministro japonês Yoshihiko Noda, autoridades okinawanas e diplomatas americanos.

 A comunidade okinawana em terras tupiniquins estava representada pelo presidente da Associação Okinawa Kenjin do Brasil e do Centro Cultural Okinawa do Brasil, Shinji Yonamine. Argentina, Bolívia, Peru, Canadá, Los Angeles, México, Hawai e Filipinas, que têm grande contingente okinawano, também estavam representados na festa.

Shinji explica que a celebração dos 40 anos da anexação, foi um momento muito importante, porque durante o evento foi feita a renovação do convênio de ajuda à Okinawa. Por mais 10 anos o Japão vai auxiliar no financiamento de diversos projetos okinawanos.

O representante da comunidade okinawana também conta como estava o clima na cidade nos dias que antecederam o evento: “Uns dois dias antes da comemoração, podia se ver pelas ruas da Província algumas manifestações de extrema direita japonesa contra as bases americanas, que ainda ocupam partes do território okinawano”, revela.

A reversão

Após o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, Okinawa ficou sob o domínio americano, uma vez que sua localização privilegiada era de extrema importância e defendia os interesses dos Estados Unidos na região do Pacífico, dadas às agitações políticas que ocorriam na União Soviética, na China, na Coreia e no Vietnã.

“Porém, logo Okinawa se tornou também um local de tensões, já que a ocupação norte-americana foi muito questionada e seus poderes administrativos, por vezes, considerados arbitrários. Somando-se a essa questão, ocorreram também vários incidentes envolvendo a presença militar na região, como crimes cometidos por soldados americanos e acidentes causados por equipamentos bélicos”, afirma Shinji Yonamine.

Segundo ele, no final da década de1960, asituação de Okinawa era de muita tensão e descontentamento por parte da população local, o que levou o governo nipônico e o americano a assinarem o pacto de reversão ao Japão, em 1971, que só entrou em vigor em 15 de maio de 1972.

Shinji explica que o processo que culminou no tratado de reversão não foi simples, e muito menos, consensual. “Parte da população okinawana e japonesa defendia a reversão de Okinawa para o Japão, mas outra era a favor de que Okinawa se tornasse um país independente”, conta.

Contudo, de acordo com Shinji, um dos aspectos mais controversos em relação ao pacto de reversão foi à permanência das bases militares americanas. Ainda hoje, aproximadamente 18% do território okinawano é utilizado pelas bases americanas, que geram barulho e poluição. Situação que tem gerado protestos por parte da população – como o realizado dias antes das comemorações – que pede, pelo menos, uma diminuição no número de bases em Okinawa.