Cinema: “Sobá, Trilhos e Silêncio”

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Longa metragem estrelado por Tatiany Furuse e Chao Chen celebra o centenário da imigração japonesa em Campo Grande

Fotos Divulgação e Valentim Manieri

 

Uma das cenas do filme com os atores Chao Chen e Tatiany Furuse
Uma das cenas do filme com os atores Chao Chen e Tatiany Furuse

Com o objetivo de levar histórias reais, peculiares da vivência dos japoneses em terras pantaneiras, para as telelonas, a produtora e atriz Tatiany Furuse e o diretor Miguel Horta lançaram em novembro o longa metragem “Sobá, Trilhos e Silêncio”, uma obra baseada em fatos ocorridos nos cem anos de imigração japonesa em Campo Grande, e da ferrovia da cidade, ambos comemorados em 2014.

A ideia inicial de Tatiany era fazer um filme de 18 minutos, mas os 15 anos de pesquisa sobre a imigração japonesa em Campo Grande, cidade que viveu durante anos e que abriga a terceira maior colônia japonesa do Brasil, não couberam em um curta, que se transformou em um longa de 75 minutos.

Atores e equipe de produção do longa
Atores e equipe de produção do longa

Segundo a produtora, o filme, que teve orçamento de R$ 70 mil, é uma produção independente e contou com o apoio da Fundac (Fundação Municipal de Cultura), Associação Okinawa de Campo Grande e da Associação Nipo-Brasileira de Campo Grande. “O longa é um trabalho coletivo, feito com a colaboração de toda a sociedade campo-grandense, que abraçou a ideia e nos ajudou de diversas formas. Os próprios atores participaram por um cachê simbólico, fizeram cinema por amor mesmo, por acreditar no filme”, revela Tatiany.

O longa é ambientado na década de 1980 e conta a história de Elisa (Tatiany), uma jovem cineasta nipo-brasileira, criada em São Paulo, por mãe solteira, sem nenhum contato com a família e a cultura oriental. Após a morte da mãe, Elisa retorna a Campo Grande para resgatar suas origens. “Apesar da temática em torno dos japoneses, o filme traz uma história universal e humanizada a partir da vida destes imigrantes”, explica a produtora.

Com produção e pós-produção realizadas no tempo recorde de cinco meses para atender as celebrações, o filme foi gravado na capital Campo Grande, mas também teve locações nas cidades de Sidrolândia, Terenos e no distrito Indubrasil.

Além de Tatiany, que já atuou em novelas da Rede Globo e no filme “Os Matadores”, de Beto Brant, o elenco do longa – formado por atores profissionais e amadores –  também conta com o ator Renato Rabelo, que atua no “Zorra Total”, e é Bernardo, personagem inspirado na obra de Manoel de Barros; a atriz Chan Suan, que faz a Akemy, jovem apaixonada por Oshiro; e Chao Chen, que interpreta Oshiro no longa, e tem em seu currículo diversos filmes e novelas, como “Morde e Assopra” e “Em família”, ambas da Rede Globo.

Tatiany e o Cônsul Geral do Japão em São Paulo, Noriteru Fukushima
Tatiany e o Cônsul Geral do Japão em São Paulo, Noriteru Fukushima

“O Oshiro é um homem simples do campo, durão, mas ao mesmo tempo sensível, que quer ajudar a sua prima a resgatar a história de sua mãe”, conta Chen. “Fiquei muito feliz com o resultado do longa. Fazer cinema no Brasil não é fácil, ainda mais uma produção independente, tem que ter muita coragem, garra e amor. Parabéns e obrigado a todos que acreditaram no projeto”, ressalta o ator.

Com sessões lotadas e muito aplaudido em Campo Grande, Tatiany negocia com empresários e governos para apresentar o longa em outras cidades de Mato Grosso do Sul e também em outros estados como São Paulo e Rio de Janeiro, além de inscrevê-lo em alguns festivais de cinema. “Meu sonho é conseguir exibir o filme em todas as associações japonesas espalhadas pelo Brasil”, conta.

Enquanto atua na divulgação do longa, Tatiany já trabalha em outros projetos para o cinema: “Pretendo fazer um filme sobre a Paty Oshiro, jovem que teve leucemia e lançou a campanha ‘Eu sou amigo da Paty’, na internet, e ajudou a aumentar o número de doadores de medula óssea. E o no outro projeto quero contar o que a colônia japonesa no Brasil passou durante a Segunda Guerra Mundial”, finaliza.