Editorial: Época de festejar

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Há 108 anos, desembarcavam por aqui os primeiros imigrantes japoneses. Famílias inteiras vinham de mala e cuia para um novo futuro, cuja esperança era, justamente, enriquecer e voltar à terra natal… 

Mas o panorama era bem diferente. Repleto de adversidades, os japoneses recém-chegados ao Brasil ficaram decepcionados com as condições precárias de trabalho e moradia. Todavia, não tinham mais escolhas. Era ficar e lutar para consolidar uma vida mais digna.

Hoje já integrada à sociedade, a comunidade nipo-brasileira ultrapassa a casa de 1,5 milhão de descendentes, formando assim a maior concentração de japoneses fora do Japão. Uma história de superação e que, até os dias atuais, é lembrada pela já quinta geração. Tanto é assim que os meses de junho, julho e agosto são especiais, pois trata-se de um período bastante movimentado na área cultural. São três grandes festivais que agregam as mais diversas manifestações culturais e esportivas alusivas ao Japão: Anime Friends, Festival do Japão e Okinawa Festival. Além dos três, entram no calendário o Festival das Cerejeiras (na região de São Roque), o Tanabata Matsuri (no bairro da Liberdade), além da festa no Parque do Carmo, também em comemoração à florada das cerejeiras.

Em todos eles, há um denominador comum: são movidos por uma legião de voluntários. De crianças, passando pelos jovens e chegando até a melhor idade, milhares de pessoas dedicam seu tempo em prol de um coletivo, cujo principal interesse é levar adiante as (ricas) tradições de seus antepassados. Assim, vemos uma mistura de gerações engajadas nos eventos, o que mostra o quanto os esforços dos antepassados valeram a pena.

Talvez não seja um momento de festas e comemorações pelo atual momento turbulento pela qual passamos em nosso País, mas os valores perpetuados até aqui não podem ser esquecidos.  Sendo assim, é natural que os japoneses presentes no Brasil – muitas vezes contidos em seu comportamento, mas extremamente dedicados à uma causa sócio-cultural – façam bonitas festas, elevando ainda mais sua imagem perante a sociedade.

Boa leitura.

Rodrigo Meikaru

Editor-chefe