Fernando Morita, um dos principais designers automotivos brasileiro, conta como é a profissão e o sucesso do seu novo projeto, o DoniRosset
Fotos Divulgação
A paixão por carros começou ainda na infância, onde com imaginação e blocos de montar, seu brinquedo favorito, fazia carros e naves espaciais. Aos 15 anos, os primeiros desenhos de carros começaram a ser feitos. E é aos 17, quando inicia a faculdade de Design de Produtos, que Fernando Morita, um dos principais designers automotivos brasileiro, começa a descobrir mais e mais técnicas e deixar o seu trabalho mais profissional.
O nipo-brasileiro, de 32 anos, trabalhou alguns anos na gigante Volkswagen – tanto no Brasil, como na matriz na Alemanha –, que considera a melhor escola que poderia ter para se aperfeiçoar como designer. Antes disso, passou por várias áreas: “Trabalhei em estúdios de design de produto, gráfico, trabalhei por conta própria, e fiz até decoração de buffet infantil com um amigo e ex- sócio Daniel Beato”, enumera.
Em 2005, após deixar de vez o trabalho na Volkswagen, Morita parte para a realização do seu grande sonho e inaugura a Amoritz GT – AGT (www.amoritzgt.com.br), empresa especializada em design automotivo. O primeiro projeto do empreendimento foi o LSPS, realizado de2006 a 2007, que tinha o objetivo de mostrar a capacidade da AGT em tornar um sonho real.
Já em 2008, teve início o projeto do DoniRosset, um superesportivo encomendado pelo empresário William Denis Rosset, para homenagear o seu pai, o também empresário e apaixonado por carros Donino Rosset. Outros interessados também podem adquirir o carro, a ideia é produzir 50 unidades do superesportivo, que tem um preço estimado em R$ 2 milhões.
Os anos de trabalho na Volkswagen, os desafios do design automotivo no Brasil e os projetos da Amoritz GT são os destaques da entrevista com o Fernando Morita, que você confere a seguir.
Mundo Ok: Em que momento da sua vida resolveu que queria seguir a carreira de designer automotivo?
Fernando Morita: Não me lembro exatamente quando quis virar designer automotivo, mas uma coisa que sempre seguiu comigo foi à vontade incessante de crescer e aceitar novos desafios. Logo foi um crescimento progressivo; trabalhei com brindes, adesivos, depois design de produto, até chegar a design de automóveis. Cada degrau foi importante para meu crescimento profissional. Mas o Concurso de Design da VW foi decisivo para meu ingresso na área.
MOK: Durante quanto tempo atuou na Volkswagen e como foram os anos de trabalho por lá?
Morita: Fui shape designer da Volkswagen por quatro anos, onde considero a melhor escola que eu poderia ter para me aperfeiçoar como designer, pois além de ser uma das maiores montadoras do mundo, tendo a possibilidade de ver e participar de marcas como Audi, Bugatti, Seat, Lamborguini, Bentley… há uma interação muito boa para a formação de um designer, onde tive influência de diversos profissionais dos mais diferentes lugares do mundo, agregando tanto profissionalmente como pessoalmente.
MOK: Quais os desafios, prós e contras de trabalhar com projetos em uma montadora, como a VW?
Morita: Prós, são inúmeros, seria impossível enumerá-los. Pois se aprende muito participando do processo de criação de um automóvel, já que é um dos produtos mais caros e complexos que utilizamos. Agora contras… apenas, que em uma montadora do tamanho da VW, as coisas são mais lentas do que gostaríamos que acontecessem, e o foco principal de uma montadora é o lucro, e não fazer carros…
MOK: Quando resolveu que estava na hora de investir em um negócio próprio?
Morita: Quando percebi que não poderia mudar nada lá dentro de imediato e que levaria anos até poder fazer o que gostaria. Entendi que se fizesse isso por conta seria mais rápido e teria chance de ir mais longe. Além de, poder enfrentar novos desafios o que me motiva e muito a seguir em frente.
MOK: Como você analisa o mercado de design automotivo no Brasil?
Morita: Analiso da seguinte forma: O Brasil ainda não tem uma fábrica de origem nacional consolidada, estamos no que a Europa passou há uns 100 anos atrás! Imagine no design automotivo que é um segmento disso? Ainda não temos nem se quer uma graduação, logo não temos mercado, temos poucos e bravos guerreiros autodidatas. A partir do momento que tivermos mais fábricas como Lobini, Rossin-Bertin e DoniRosset, e melhor, se maturando e tendo apoios e investimentos do governo e se tornando fábricas como VW, GM, Fiat, ai sim teremos terreno para crescer. Por enquanto são pessoas dispostas a brigar.
MOK: Fale um pouco sobre o DoniRosset, um dos mais recentes projetos da Amoritz GT?
Morita: A AGT participa de uma fracção disso tudo, da criação ao protótipo, depois disso é com a própria (futura) montadora. E isso é uma coisa muito pioneira no Brasil, espero que cresça e muito – temos potencial! Como em qualquer empresa o que determina o ritmo e velocidade de crescimento são os cifrões! E a partir daqui quem decide é o William Rosset, o proprietário da marca, a AmoritzGT apenas criou, projetou e desenvolveu o DoniRosset.
MOK: Você considera o DoniRosset – que é um dos projetos brasileiros que “deram certo” – como um marco para o design automotivo brasileiro?
Morita: Sim, pois hoje em comparação a outras iniciativas da década de 70, temos muito mais informação e condições de se criar algo globalizado. E em termos de design, acredito estarmos ajudado a definir uma linguagem unicamente brasileira.
MOK: Após o sucesso do DoniRosset, a Amoritz GT já está trabalhando com novos projetos?
Morita: Sim, mas no momento todos confidenciais.
MOK: E quais os planos para o futuro?
Morita: Muitos e não envolvem apenas carros. Contudo, nosso foco é consolidar a empresa e abrir caminho para novas possibilidades.
MOK: Para finalizar, o que diria para aqueles que desejam ingressar nessa área?
Morita: Uma mensagem para todos que almejam fazer carros, desenhar carros, ou qualquer coisa relacionada a isso é que somente muita disciplina, dedicação e fé, que levam a algum lugar e permitem sair do ordinário para fazer algo extraordinário.
