Imigração Capem

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No período de 1950 pós guerra, o governo americano iniciou a instalação de bases americanas em Okinawa, muitos locais foram desapropriados tirando o espaço dos agricultores, deixando muitas famílias desamparadas, assim a emigração passou a ser uma solução, para o momento.

 

Na mesma época no Brasil o presidente Getulio Vargas, criou o programa Marcha para o Oeste, para incentivar o progresso e a ocupação do centro-oeste. O governo consignou terras,  a Iassutaro Matsubara para este promover uma colonização, preferencialmente com famílias de origem nipônica, na região ao norte de Mato Grosso.

 

Saburo Guibu como amigo e colaborador, arregimentou em Okinawa, os quatro grupos em datas alternadas, no total de 74 famílias perfazendo 441 pessoas, denominados de Imigração Capem,  que aos poucos foram assentados nos seus lotes rurais.

 

Segundo o relato do Sr. Shinkun Chibana, integrante do quarto e ultimo grupo de imigrantes, que era composto de 9 familias no total de 63 pessoas.

 

Aportaram em Santos no dia 10 de outubro de 1960, foram recebidos pelo presidente da Associação Okinawa do Brasil Sr. Mosei Yabiku, à tarde do mesmo dia, embarcaram em um  trem que  partiu de São Paulo, com destino a cidade de Campo Grande (MS)  de onde foi feito o translado para Capem.

 

Desde a chegada em Santos passando por Campo Grande, os imigrantes ficaram comovidos com a gentileza dos  conterrâneos, de oferecerem comida e estadia, sem ao menos conhece los, movidos pelo espírito de “chimigukuru” – espirito solidário e “ichariba choode”– somos todos irmãos.

 

Carregaram três caminhões e viajaram 900 km rumo a Cuibá,  esta viagem  durou 3 dias e 2 noites. Os caminhos para Capem, tinham lugares intransponíveis  no trajeto  abriram  picadas mata adentro,  haviam bancos de areia entre os rios,  para as necessidades fisiológicas as mulheres  e crianças, sofreram com os  ataques de mosquitos selvagens, atravessaram um rio de 150 m de largura de balsa,  haviam outros rios com pontes de toras, apresentando alto risco.

 

Apesar das dificuldades, chegando ao destino, visualizaram as matas virgens com arvores frondosas, acharam que as terras eram férteis, dando mais animo ao grupo que  vieram com o grande sonho de plantarem pimenta e seringueira para comercialização,  e  cultivar arroz, legumes, verduras, para a sobrevivência.

 

Fizeram o trabalho de desmatamento e a construção de casas, e também iniciaram as plantações de milho e arroz, para a tristeza de todos, as semeaduras não vingaram em virtude da acidez do solo, e sem contar que as chuvas duravam de 5 a 6 meses, deixando a estrada intransitável.

 

No meio de tantas dificuldades, para alegria do grupo nasceram muitos nisseis,  infelizmente veio o surto de malária, onde muitas pessoas já debilitadas por muito trabalho, cansaço físico e sem a alimentação adequada, muitas vidas foram ceifadas.

 

Diante de tantas agruras, viram por bem a sua retirada  em busca de novos horizontes, sem esquecer os seus entes falecidos, cremaram os corpos com galhos de árvores, para levar as cinzas  ao novo destino. Com o apoio dos conterrâneos, vieram a se estabelecer nas cidades de Campo Grande (MS)  e São Paulo.