OBON 

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O período dos finados japonês começa após o Tanabata, é o período da maior movimentação das pessoas, das metrópoles para as províncias de origem, por três dias do julho lunar, é o verão de muitos festivais: Tanabata de Sendai em Miyagui, Kanto Matsuri em Akita, Nebuta Matsuri em Aomori.

Em Okinawa a forte relação com a ancestralidade e com a espiritualidade, são as maiores características do povo okinawano, acredita se que os espíritos dos mortos, vem ao mundo dos vivos para fazer uma visita, isto acontece uma vez por ano, no Obon.

Em Okinawa, os finados ou Obon é comemorado entre os dias 13 – 14 e 15 de julho lunar, sete dias depois do Tanabata, que serve como preparativo e prenuncio para o Obon, é um convite para os espíritos dos antepassados, comemorar o Obon

Dia 13 – UNKE “boas vindas ao espírito

O líder da família vai ao túmulo anuncia o início do Obon, pedindo para que os ancestrais o acompanhe até a sua casa, no momento que ele acende o incenso no Oratório – Totome, considera-se que os ancestrais já estão presentes, dando início ao Obon, deixando a sua casa a disposição para receber os descendentes. Neste período o Oratório – Totome é todo enfeitado com luminárias e é oferecido juushime um tipo de risoto e uma sopa de misso shiro especial.

Dia 14 – NAKABI

É o dia intermediário em que os familiares vão rezar nas casas dos parentes. Nos dias 14 e 15, é quando as casas recebem o maior número de visitas de seus descendentes.

Dia 15 – UUKUI

As oferendas diferem de região para região, basicamente são servidos dois pratos contendo 21 mochis cada um, sendo dispostos em cada prato 3 carreiras de 7 mochis. E no juubako (caixa de oferenda), 7 ingredientes: tempurá de batata doce, vagem, cenoura, nabo, toucinho – sanmai niku, tofu frito e bardana (gobô), em algumas casas, se oferece também peixe frito, todos os itens sempre em número ímpar. Os familiares levam salgados e bolos para serem ofertados.

No término dos finados os rapazes dos vilarejos em Okinawa formam o Grupo de Eisá – taikôs, em que as jovens dançam com as mãos ao som do sanshin, acompanhadas do “Chondara” representando o espírito alegre, que é a pessoa maquiada e cômica, que anima o grupo. Eles percorrem as ruas, visitando as casas em clima de alegria, fazendo a percussão nos tambores, transmitindo ao público a marcante vibração  TI MU DUNDUN a “batida do coração da mãe”, neste momento contagia as pessoas, chegando mesmo a arrepiar, isto porque no momento da nossa formação, a primeira sintonia que ouvimos é a batida do coração da mãe, esta vibração tem relação com os pais, avós, ancestrais e Deus. Neste momento, a família está unida formando um só conjunto entre passado, presente e futuro, em um ambiente divino.

No final do dia são feitas orações agradecendo pela saúde e prosperidade familiar. Considera-se que os ancestrais estão satisfeitos, pois não foram esquecidos e durante três dias puderam desfrutar da alegria do encontro da união familiar. Assim, ao final da comemoração, e após encerradas as visitas dos familiares, é realizado o uukui despacho. Parte das oferendas, incensos queimados, velas e etc, são deixados no portão da casa, do lado direito de quem sai ou na encruzilhada como oferta aos espíritos perdidos, para que encontrem a luz.

O Obon tem um importante papel de integração familiar e social e, principalmente, uma forte relação das pessoas com a sua ancestralidade.

Shinji Yonamine

Palestrante da Cultura e Tradições de Okinawa

e-mail    shinji@mundook.com.br