Cidades: São Paulo quer sediar Expo 2020

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Com o tema “Força da diversidade, harmonia para o crescimento”, a cidade de São Paulo apresentou oficialmente a candidatura para sediar a Exposição Universal de2020. A capital paulista concorre com outras quatros cidades: Ayutthaya, na Tailândia; Ekaterinburgo, na Rússia; Dubai, nos Emirados Árabes; e Izmir, na Turquia. O resultado será anunciado em novembro de 2013, após a votação dos países membros do BIE (Bureau International des Expositions), órgão responsável pela organização do evento. 

A Exposição Universal é o terceiro maior evento do mundo, atrás apenas das Olimpíadas e da Copa do Mundo. Realizada a cada cinco anos, tem a duração de seis meses e conta com uma programação diversa. Cada país expositor cria seu próprio estande e apresenta novas tecnologias, programação cultural e eventos relacionados ao tema geral. A primeira aconteceu em 1851, na cidade de Londres, e de lá pra cá, a Expo tem gerado grandes rendimentos para a cidade anfitriã, com criação de empregos, visitação de milhares de turistas, além de geralmente deixar grandes obras como legado, como a Torre Eiffel,em Paris. Apróxima edição ocorre em Milão, na Itália, em 2015.

De acordo com o secretário executivo do Comitê para Candidatura de São Paulo a Expo 2020, Carlos Kendi Fukuhara, a ideia da candidatura da capital paulista surgiu em 2010, quando a cidade teve uma participação bem sucedida na Expo Xangai, com estande próprio e visitação de mais de um milhão de pessoas. “É a primeira vez que um país da América Latina se candidata para participar da Expo, é uma atitude ousada. E com certeza é o Brasil que será representado, São Paulo é apenas a cidade anfitriã”, explica.

Para a realização da Expo, a ideia é construir o Parque de Eventos Expo SP, na cidade de Pirituba, em uma área de mais de 5 milhões de metros quadrados, o equivalente a mais de três parques do Ibirapuera. A área de exposições projetada é de até 600 mil metros quadrados, cerca de sete vezes maior do que o Anhembi, atualmente o maior centro de exposições da cidade. Além da área expositiva, haverá um parque, teleférico e uma torre de energia renovável. Segundo Fukuhara, ainda não há previsão para o início das obras em Pirituba.

 

Apoio oriental

A primeira comunidade a apoiar a candidatura de São Paulo para sediar a Expo 2020, foi à nipo-brasileira. Em audiência com o prefeito Gilberto Kassab, que é presidente do Comitê Organizador, representantes das principais entidades da comunidade entregaram um manifesto de apoio a Kassab.

“A comunidade nipo-brasileira manifesta o apoio incondicional à candidatura de São Paulo… Enaltecemos ainda que o tema possui profundo significado para nós, pois reflete a conjunção do espírito empreendedor dos imigrantes japoneses e a receptividade do povo brasileiro, qualidades que ajudaram a construir o País de hoje. Aqui se constitui a maior comunidade japonesa do mundo, que mantém viva as tradições do país originário enquanto se integra à sociedade que a acolheu, um exemplo cabal de que a maior riqueza do Brasil reside na diversidade de seu povo. Portanto, com grande honra esta comunidade se une aos esforços do Comitê para que a iniciativa de candidatura da Cidade de São Paulo seja coroada de pleno êxito.”, diz parte do manifesto.

Para Kassab, o apoio da comunidade é muito valioso, primeiro porque vai incentivar outras sociedades a apoiar a candidatura, e principalmente, porque o apoio dos nipo-brasileiros pode sensibilizar o governo japonês, e o delegado do Japão, a apoiar a capital paulista na hora da eleição do BIE.

Além desse manifesto, a ideia é que o apoio da comunidade nipo-brasileira aconteça também na forma de divulgação. “Ainda precisamos conversar, mas o nosso desejo é que haja uma divulgação nos eventos da colônia, nos sites e nas redes sociais das principais entidades”, explica Fukuhara, que contou mais detalhes da candidatura em uma entrevista exclusiva para a Mundo Ok, que o leitor confere a seguir!

 

Entrevista – Carlos Kendi Fukuhara

 

Mundo Ok: Qual a importância da Expo 2020 ser sediada no Brasil?

Carlos Kendi Fukuhara: A exposição Universal é o terceiro maior evento do mundo, que deixa um legado significativo para a população e nunca foi realizada por nenhum país da América Latina. Se São Paulo tiver uma candidatura vitoriosa, vamos coroar uma década de muita visibilidade para o Brasil – já que o País sediará a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016 –, que se coloca cada vez mais como uma grande nação no mundo.

 

MOK: Que tipo de legado a realização da Expo 2020 pode deixar para São Paulo?

Fukuhara: Os benefícios para a cidade são inúmeros. Para começar o desenvolvimento sócio-econômico da região, na área educacional vai incentivar o ensino de outros idiomas e a formação de mão-de-obra, com ampliação dos cursos em escolas técnicas; aproveitando o legado deixado pelos outros eventos como a Copa e a Olimpíada, melhorar a mobilidade da sociedade, com a construção do Metrô ligando o Parque de Eventos as principais regiões da cidade; vai aumentar a geração de empregos e consolidar os setores comerciais e industriais; reforçar o compromisso da cidade com práticas sustentáveis, com o sistema de energia renovável que será utilizado em todo o Parque; além é claro do desenvolvimento dos setores de turismo e hotelaria.

 

MOK: Porque da escolha do tema “Força da Diversidade, harmonia para o crescimento”?  

Fukuhara: Porque a diversidade é justamente um dos diferenciais do nosso País. É uma das nossas maiores vantagens. Além de várias raças e etnias conviverem juntas e em harmonia, temos uma diversidade cultural, gastronômica e esportiva imensa, que dificilmente será encontrada em outros países. A nossa ideia, com esse tema, é estimular a criação – pelos países, cidades e instituições públicas e privadas participantes – de projetos de novas políticas sociais, econômicas e ambientais, além de novos sistemas de produção e distribuição de energia, e soluções em infraestrutura.

 

MOK: Em sua opinião, quais as chances de São Paulo sediar o evento?

Fukuhara: São Paulo tem uma grande vantagem em relação às outras cidades concorrentes. Primeiro, porque o Brasil, em termos de imagem, está muito bem aos olhos do mundo. Segundo, o país, de uma maneira geral é muito receptivo, sobra “calor humano”, o que agrada muito os estrangeiros. Mas, o nosso principal aliado, é o clima! Nos meses que será realizado o evento – de 15 de maio a 15 de novembro –, o climaem São Paulo é o melhor entre os concorrentes, o mais agradável.

 

MOK: Se for realizada em São Paulo, há uma expectativa de quantos visitantes a Expo 2020 pode receber nos 6 meses de duração do evento?

Fukuhara: Temos uma estimativa que nos 6 meses de evento vamos receber mais de 30 milhões de visitantes, entre estudantes, representantes de ONGs, entidades de classes, além é claro, dos visitantes de outros países.

 

MOK: Mesmo se São Paulo não for escolhida para sediar o evento, o “Parque de Eventos Expo SP” será construído, em Pirituba?

Fukuhara: De qualquer forma o Parque de Eventos vai ser construído, porque São Paulo precisa de um espaço com esse porte para receber outros eventos e convenções. Além disso, ele vai beneficiar a região de Pirituba e um raio de150 km, como as cidades vizinhas de Campinas, Itú, Jundiaí…

 

MOK: O principal marco da Expo 2020 será a Torre de Energia Renovável? A intenção é que ela se torne um ponto turístico após a realização do evento, assim como a Torre Eiffel, em Paris?

Fukuhara: Exatamente. A ideia é que a Torre se torne um ponto de visita obrigatória na cidade de São Paulo. Por isso ela vai contar com uma estrutura com teleféricos, mirante e restaurantes.