ESPORTE: MEDALHISTAS OLÍMPICOS

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Conheça os descendentes de orientais que se destacaram nos Jogos Olímpicos Rio 2016 e conquistaram medalhas para o Brasil

Tamires Alês

 No mês de agosto os brasileiros puderam acompanhar de perto a luta, empenho e dedicação dos atletas do Brasil nas mais diversas modalidades nos Jogos do Rio. E o Time Brasil mostrou garra e não decepcionou! Em casa, com a torcida apoiando e enchendo as arquibancadas, o Brasil realizou a melhor campanha do País na história dos Jogos Olímpicos conquistando 19 medalhas, 7 douradas, 6 de prata e 6 de bronze, subindo ao pódio em 12 modalidades. Entre elas, destaque para o judô, com uma medalha de ouro e duas de bronze; a ginástica artística, com duas de prata e uma de bronze; e a canoagem de velocidade, com duas de prata e uma de bronze.

 Entre os atletas campeões, destaque para três descendentes de orientais, que se sobressaíram na competição e garantiram medalhas para o Brasil. Confira!

** Felipe Wu

RIO DE JANEIRO 06/08/2016 - Tiro Esportivo - Deodoro - Na foto Felipe Wu durante a final de Pistola de Ar 10m, conquista medalha de prata Foto: Wander Roberto/Exemplus/COB
RIO DE JANEIRO 06/08/2016 – Tiro Esportivo – Deodoro – Na foto Felipe Wu durante a final de Pistola de Ar 10m, conquista medalha de prata Foto: Wander Roberto/Exemplus/COB

 Descendente de chineses, o paulista de 24 anos conquistou a primeira medalha do Brasil nos Jogos do Rio, justamente no tiro esportivo, esporte que deu ao país as primeiras medalhas na história da Olimpíada, em 1920. No Rio, Wu foi prata na prova de Pistola de ar 10 metros.

 “Estou muito feliz. Sentimento de dever cumprido. Tudo valeu a pena. E isso é o melhor: você saber que todo trabalho, toda abdicação, tudo valeu a pena. Agora é comemorar”, declarou o atleta logo depois da vitória.

 Com o apoio de dezenas de pessoas presentes no estande de Deodoro, onde as provas do Tiro Esportivo foram realizadas, Wu passou por pouco na classificatória, em sétimo, o penúltimo dos oitos garantidos.

 Na final, a torcida brasileira, que não está acostumada a torcer por um atirador, vibrou, cantou e gritou pelo disparo no alvo. E ele veio com a nota 10.1, um excelente tiro. Wu, só não conseguiu superar a nota 10.7 do vietnamita Xuan Vinh Hoang, que atirou em seguida, ultrapassando o atleta brasileiro e ficando com o ouro. O bronze foi para Pei Wong, da China.

 “Até hoje de manhã eu falava que a torcida não fazia diferença para o tiro esportivo. Mas essa barulheira me deu uma energia muito boa”, confessou o atleta.

 Wu que começou a atirar com 8 anos, acompanhando os pais, e a competir com 12, já participou de várias competições e coleciona títulos importantes. Contratado pelo Exército como atleta, além da medalha de prata olímpica, Wu tem em seu currículo a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto 2015 (Canadá); campeão da Copa do Mundo do Tiro Esportivo, etapas de Bangkok (Tailândia), e Baku (Azerbaijão), ambas em 2016.

** Poliana Okimoto

RIO DE JANEIRO - 15/08/2016 - MARATONA AQUÁTICA - FEMININO - FORTE DE COPACABANA - A atleta Poliana Okimoto ganha a medalha de bronze. Jogos Rio 2016. Foto: Marcelo Pereira/Exemplus/COB
RIO DE JANEIRO – 15/08/2016 – MARATONA AQUÁTICA – FEMININO – FORTE DE COPACABANA – A atleta Poliana Okimoto ganha a medalha de bronze. Jogos Rio 2016. Foto: Marcelo Pereira/Exemplus/COB

 Aos 33 anos, a paulista, descendente de japoneses e mineiros, Poliana Okimoto Cintra, fez história na cidade maravilhosa e conquistou para o Brasil a primeira medalha de uma mulher brasileira na natação.

 A medalha de bronze, na maratona aquática, veio depois de alguns minutos do final da prova. Após nadar os 10 km da prova no mar e resistir às adversidades de uma prova de resistência, Poliana tocou no portão de chegada na quarta colocação. Atrás da holandesa Sharon von Rouvendal, medalha de ouro, e da francesa Aurelie Muller, e da italiana Raquele Bruni. Mas, o resultado final só foi apresentado quando as atletas já estavam na areia. Como a francesa praticamente subiu na italiana na hora da chegada, foi desclassificada, deixando a prata com Raquele, e o bronze para a atleta do Brasil.

 “Estou muito emocionada, porque eu mereci muito essa medalha. Muito. Eu me esforcei muito”, enfatizou Poliana após a conquista. “Eu dava o meu máximo em cada treino, em cada dia. Não deixava faltar nenhuma gota de suor dentro do meu corpo em cada treino esperando que eu fosse conseguir essa medalha e, quando a gente consegue, a gente não acredita”, desabafa.

 A água e a natação sempre fizeram parte da vida da Poliana, que aos sete anos já competia. Seu forte nunca foram as provas de velocidade, mas sim as de resistência. Aos 13 anos recebeu sua primeira convocação para a seleção brasileira e desse dia em diante as convocações nunca pararam de chegar.

 Como maratonista, Poliana sempre obteve títulos inéditos, não apenas em sua modalidade, mas também na história da natação feminina brasileira. E repetiu o feito em casa. Além de conquistar a primeira medalha da história da natação feminina do Brasil nas Olimpíadas, Poliana é a atual campeã mundial de 10km; conquistou a medalha de prata nos 10km nos Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007 (estreia da modalidade em Pans), e de Guadalajara, no México, em 2011; em 2013 recebeu o Prêmio Brasil Olímpico do Comitê Olímpico do Brasil (COB) como melhor atleta feminina olímpica; mesmo ano que foi eleita a melhor nadadora de águas abertas do mundo pela revista americana Swimming World.

** Arthur Nory

RIO DE JANEIRO - 14/08/2016 - GINASTICA ARTISTICA - ARENA - Arthur Mariano, ganha, bronze no solo, nos Jogos Rio 2016. Foto: Washington Alves/Exemplus/COB
RIO DE JANEIRO – 14/08/2016 – GINASTICA ARTISTICA – ARENA – Arthur Mariano, ganha, bronze no solo, nos Jogos Rio 2016. Foto: Washington Alves/Exemplus/COB

 Em um dia histórico para a ginástica artística brasileira, Arthur Nory conquistou a medalha de bronze, na prova de solo. Junto com o companheiro de equipe Diego Hypolito, que ficou com a prata na mesma prova, os ginastas conquistaram as primeiras medalhas do Brasil na história da prova de solo em Jogos Olímpicos. Antes da dobradinha verde e amarela, a única medalha brasileira no esporte havia sido o ouro de Arthur Zanetti nas argolas em Londres (2012).

 Apaixonado por esportes, o ginasta começou a praticar judô aos seis anos, sob influência do pai, judoca. Aos 10 anos, descobriu sua paixão pela ginástica e nunca mais parou. No Rio, Nory arriscou uma série mais difícil e não decepcionou. Estava leve, voou alto e conquistou a nota 15,433. O ouro ficou com o atleta britânico Max Whitlock.

 “Olimpíada é para gente grande, e eu estou crescendo. Passa um filme na cabeça, tudo que passei, treinei, tanta coisa que tive de abrir mão. Aquela hora no chão, ajoelhado, estava agradecendo por tudo, por tudo mesmo, por todos os dias, por dar o meu máximo, crescer como pessoa e também profissionalmente”, comentou Nory após a final do solo.

 O atleta também agradeceu à presença da torcida, que apoiou os ginastas brasileiros até o final. “Estou muito feliz! Grato a minha família e aos torcedores”, afirmou. “Nunca desista do seu sonho e acredite até o final que você pode chegar lá”, completou o ginasta.