O ano que não existiu

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A crise do coronavírus esperou começar o ano de 2020 para explodir em todo o mundo. Começou como uma esquisitice chinesa, uma coisa meio distante, mas as poucas imagens que chegavam clandestinamente, mostravam um quadro de total desespero, um verdadeiro filme de horror. O resto do mundo assistia desolado mas tratava o caso como briga de casal do vizinho, acompanhava com interesse mas não se metia. Países europeus, asiáticos e os EUA recebem muitos turistas chineses, além terem em comum muitos negócios. Assim o vai e vem de cidadãos de um lado para outro era bastante efervescente e claro, espalhando o vírus. O atraso em adotar medidas de isolamento, mesmo depois do aparecimento de muitas pessoas infectadas, acabou castigando os países europeus e os EUA. Os sistemas médico-hospitalar desses países, considerados os mais desenvolvidos do mundo, acabaram colapsando, com falta de leitos de UTI e dezenas de milhares de morte. Uma situação que os europeus só passaram na segunda guerra e os EUA na guerra civil do século passado. O Brasil, e em especial o estado de São Paulo, vinha monitorando o problema e antes que a pandemia se instalasse, vários governadores decretaram o fechamento de escolas e uma quarentena seletiva, funcionando apenas serviços essenciais. Uma medida que hoje está provado que foi acertada. Como só pessoas de uma certa posse viajam para o exterior, os primeiros casos aconteceram nas classes mais abastadas, gente que foi infectada em viagens internacionais. Com a quarentena seletiva a velocidade do contágio foi controlada e foi possível montar hospitais de campanha e preparar pessoal da área da medicina para enfrentar a crise. Nestes estados não se chegou ainda ao colapso no sistema médico hospitalar. Mas em certas cidades, onde a quarentena não foi levada a sério, a crise explodiu e cidades como Manaus, Fortaleza, Belém, Recife e outras vivem estado de total calamidade pública, com doentes graves morrendo por falta de atendimento. Na periferia da cidade de São Paulo, a quarentena também não estava sendo obedecida e agora o vírus vem se espalhando perigosamente. Hospitais municipais da periferia já estão lotados, mas ainda existem os hospitais de campanha no Pacaembu, Anhembi e Ibirapuera. Será suficiente? Vai depender de maior adesão ao isolamento social e ao uso de máscaras na periferia. Nos bairros centrais da cidade de São Paulo o contágio está mais controlado e é possível que hospitais particulares estejam com uma certa folga nos leitos de UTI vagos.

Esta crise acabou por mostrar verdades a sociedade brasileira, que todos sabiam mas pouco se importavam. Primeiro, temos muitos brasileiros pobres e miseráveis. Bem mais da metade dos brasileiros vivem a situação da “mão para a boca” ou seja, ganham simplesmente para as necessidades mínimas de sobrevivência do momento. E mais um grande número de brasileiros nem isso conseguem, precisam viver da bondade alheia. Segundo, os brasileiros são péssimos poupadores, mesmo gente que ganha o suficiente para fazer um pé-de-meia, gastam tudo ou mais do que ganham. Terceiro, uma coisa boa, muitos brasileiros ainda são solidários, ajudam pessoas em dificuldade sem esperar nada em troca. Gente preparando e distribuindo comida, milhares costurando máscaras para serem doadas para hospitais e para o púbico em geral, médicos atendendo gratuitamente via internet, etc. Quarto, uma coisa ruim, no meio dessa crise pessoas querendo se aparecer e faturar de alguma forma. Em problemas de saúde, políticos devem ouvir autoridades médicas, os especialistas, para tomarem decisões e é lastimável que médicos opinem em função de suas convicções políticas. Aliás, politizar com coisas que podem decretar a vida ou a morte das pessoas, só aconteceu no Brasil e nos EUA.

Este é um ano que não vai ter fim! Ou um ano que não existiu, dependendo da experiência de cada um!!!

 

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