DIA INTERNACIONAL DO IDOSO

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Foi comemorado no dia primeiro de outubro, o Dia Internacional do Idoso, uma forma de lembrar que, de quase tudo que se colhe hoje, foram os idosos que plantaram e fizeram desabrochar, e que a humanidade precisa deste entendimento, de que usufruir o momento é bom, mas que também é preciso deixar um mundo melhor para as gerações seguintes.

O grande avanço da medicina, que engloba os cuidados com a prevenção, exames apurados que propiciam diagnósticos certeiros e tratamentos com remédios eficazes e equipamentos fabulosos, permitiu que o corpo dos humanos, que pouco mais de meio século atrás tinha duração média não superior a 50 anos, chegasse hoje aos absurdos 80 anos.

Vamos falar um pouco de história. Sou de uma geração onde poucas crianças chegavam a conhecer os avós, que dificilmente chegavam a participar do casamento dos netos. Poucas pessoas atingiam os 50 anos de idade e aposentadoria era só por invalidez.  As mortes aconteciam quando pessoas que gozavam de uma boa saúde geral eram acometidas por uma moléstia incurável ou o diagnóstico acontecia quando a doença estava muito avançada. E muita gente morria sem ao menos saber ao certo as causas. Desta forma os que eram considerados velhos na época não precisam de cuidados especiais por longo período antes da morte. Isso foi assim até os anos 60/70 do século passado. Aos poucos os avanços da medicina e os cuidados com a saúde em geral (prevenção, higiene e saneamento) foram deixando os velhos mais resistentes e grande parte da geração dos meus pais morreu com mais de 70 anos. Se os avanços da medicina conseguiram manter vivo o corpo por muito mais tempo, não o fizeram com tudo funcionando muito bem. E a sociedade não estava preparada para os cuidados que boa parte destes velhos precisavam, tanto física como psicologicamente. Assim tivemos que improvisar formas de cuidar de nossos pais e avós, com contratação de cuidadoras e revezamento e rateio de despesas entre os filhos. Felizmente o mercado acordou para este filão e hoje já existem muitas casas de repouso para todos os bolsos, equipadas e estruturadas para atenderem de forma humana, os idosos que necessitem ou não de cuidados especiais. Estamos numa fase de transição, mas não tenho dúvidas que esta é a solução para o futuro.

Passei um pouco dos 65 anos, mas a partir dos 50 já fui me preparando psicologicamente para a velhice que ainda não chegou, mas sei que se aproxima. Aos poucos fui diminuindo as minhas atividades profissionais e hoje, caso não apareçam serviços leves de consultoria, devo parar total e definitivamente. Esta transição profissional é um misto de felicidade e dor. Felicidade porque acabaram as cobranças, a corrida louca do dia a dia e a preocupação do fechamento das contas no final do mês. Felicidade por não ter hora nem para dormir, nem para acordar, nem para comer e nem para nada. Mas fica uma dorzinha pelo fato de não estar fazendo nada de útil para a sociedade e de quase não ser chamado para mais nada. Ainda não me acostumei bem com o fato de ser um ex-engenheiro. Socialmente vou mantendo minhas relações de amizade, turma da escola, amigos de infância e adolescência de Marília, a turma do beisebol e softbol e a parentada, naturalmente. Encontros, churrascos, bailes dos “pé-na-cova”, viagens periódicas de lazer com a patroa, atividades é que não faltam. Daqui para frente a saúde passa a ser preocupação diária. Sei que chegou a hora do “condor” porque todo dia tem alguma coisa perturbando. Mas com dor ou sem dor o grande segredo da terceira idade é deixar as coisas fúteis da vida lado e seguir vivendo, o quanto possível para a situação de cada um, com alegria e bom humor. Não ficar com grandes preocupações porque na vida, “só se morre uma vez”.