Opinião: Coxinhas e Petralhas

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Nos próximos 30 dias, quaisquer que sejam os resultados de tudo que está rolando por aí, o Brasil vai viver momentos de apreensão, mudanças e conflitos cujo resultado final é de difícil avaliação. Com Dilma ou sem Dilma, tempos nebulosos estão por vir e como no dito popular, se ficar o bicho come, se correr o bicho pega…

_Nelson FukaiMesmo não acreditando muito que a troca de governantes vá solucionar a crise econômica que o país atravessa, a grande maioria da população está apoiando o impedimento porque tem certeza que qualquer coisa é melhor do que Dilma, não só do ponto de vista de competência para governar, mas principalmente do ponto de vista moral e ético.

Mesmo com todos os desacertos e a total falta de ação por parte do governo federal neste novo mandato, até o início de 2016 o clima era de confusão controlada. O plano petista era de ir levando de barriga até 2018, fazendo as maracutaias onde ainda fosse possível e conservando por mais três anos a boquinha dos “companheiros”. Mas depois que se tornaram bastante prováveis o impedimento da presidenta Dilma e a prisão do ex-presidente Lula, o desespero tomou conta da cúpula do PT e dos seguidores de primeiro e segundo escalão. Afinal, além de ficar cada vez mais real a possibilidade de ter que pagar pelos crimes cometidos contra os cofres públicos (mesmo com o PT no governo alguns já estão pagando), a queda da presidenta vai significar a sumária demissão para dezenas de milhares de petistas. Na maioria gente sem qualificação para os cargos que ocupa e que há mais de 12 anos estava se sentindo um Deus na terra. A proximidade desse grande desastre está deixando essa gente confusa e desesperada. A grande diferença de forças não permite mais que partam para os confrontos diretos, grande especialidade da extrema esquerda quando são maioria. Podendo contar somente com os apoiadores chapa branca (movimentos subsidiados com verbas públicas como sindicatos, Sem Terras, Sem Tetos entre outros e os membros da esquerda festiva, formada por artistas e intelectuais que estão perdendo o bonde da história), as manifestações de apoio ao governo Dilma ficam cada vez menores e mais caricatas. Sem ter como responder objetivamente às graves acusações, apoiam se em desculpas esfarrapadas e criam slogans do tipo “Não vai ter golpe”, para animar a pequena plateia que ainda conseguem reunir. Toda reunião de interesse público com a presença da presidenta logo é transformada em comício, onde mentiras são incessantemente repetidas e claques são contratadas para dar a sensação de apoio popular. Tudo muito mentiroso e difícil de engolir!!

E nós, os coxinhas, que estamos fazendo? Estamos trabalhando muito, ao menos os que ainda conservam os seus empregos ou que não tiveram seus negócios fechados. Estamos trabalhando para ao menos minimizar a grave crise econômica a que nos levou, a incompetência e a desonestidade dos atuais governantes. E periodicamente, em ocasiões que achamos necessário, lotamos praças e avenidas de centenas de cidades, mostrando nossa indignação e nossa força. Não somos de direita, como querem fazer crer os petralhas. A maioria dos coxinhas nem tem uma identificação política bem definida (como ter com os políticos que temos), o que nos une é a defesa da moral e da ética no trato da coisa pública. Somos favoráveis a que todos os políticos, de todos os partidos, sejam investigados e se culpados rigorosamente punidos. Acho que está na hora de todas as acusações contra o governo de FHC sejam investigados com o mesmo rigor do Petrolão. Tanto o PROER como as privatizações sempre foram cercadas de pontos nebulosos, nunca bem esclarecidos. Mesmo os episódicos casos de mutretas nas estatais paulistas precisam ser investigados. Os coxinhas querem que o pau que bate me Chico, bata também em Francisco. Os petralhas, ao contrário, aliviaram os supostos malfeitos de Sarney e de FHC, esperando deles o mesmo tratamento quando subissem ao poder. Só não contavam com o juiz Sergio Moro e toda a sua equipe e com a retidão da Polícia Federal, que estão colocando as claras, todos os malfeitos cometidos.

Mas sem extremismos. Sem essa de achar que do lado de cá só tem gente boa e do lado de lá só tem gente ruim. Tirando os “desonestos” dos dois lados, é com o conflito saudável de idéias das pessoas de boa índole é que iremos construir uma grande nação. Afinal, coxinhas e petralhas, somos todos trabalhadores!!!

NELSON FUKAI é engenheiro, escritor e analisa questões do presente e passado da comunidade nipo-brasileira. E-mail: nelsonfukai@yahoo.com.br.